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sábado, 22 de outubro de 2011

Melancolia


À morte se consagram hoje todas
as que ainda ontem para mim ardiam:
uma por uma, vão caindo as flores
da árvore da melancolia.

Eu as vejo caindo, como cai
a neve em flocos sobre a minha senda:
já não se ouvem passos ressoando,
acerca-se o grande silêncio.

O céu já não tem mais nenhuma estrela,
nem mais o coração nenhum amor:
há silêncio na cinza da distância,
o mundo está velho e sem cor.

Quem é que pode ter o coração
a salvo,neste tempo de porfia?
Uma por uma, vão caindo as flores
da árvore da melancolia.


Hermann Hesse

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um Dia Divagando Sozinha...


Divagando sozinha
pensei que nunca mais iria saber o que é amar,
tal como criança, adolescente e mulher...

Um dia...

Encontrei um amigo solidário e presente,
que em nossas almas foi entrando
e nos conquistando com sentimentos puros,
e com doce compreensão distribuiu seu amor,
que nos encantou e nos sublimou...

Amor que todos sonham,
em seus devaneios e anseios,
com o coração e com a razão!

Eu falo do Amor Verdadeiro,
aquele que tem magia e uma força maior,
abençoado por todos os deuses.

Você é este Amor que tanto espero
e lhe quero entregar minha vida
e meus abraços,
para sempre e eternamente.


Vera Jarude

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Estamos Na Peneira


A vida é uma imensa peneira
e nela entramos misturados
como areia na bateia
para sermos peneirados...

Entre os grãos aqui jogados
haverá pepita rara,
um pingo de ouro, ou gema esmeraldina
entre tanto cascalho?

E o Garimpeiro, com a face suada
sacode a peneira, nas águas do rio
procurando a pepita sonhada
sem cansaço ou fastio
na luta desenfreada,
nesse trabalho, às vezes tão falho...
"Para cada pepita, quanto cascalho!"


Zoraida H Guimarães

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Rosa é Um Jardim


A rosa é um jardim
concentrado
um clarim
de cor, anunciando
a alvorada fogosa
e o tempo iluminado.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Três Caminhos


Percorri tantos caminhos,
tantos caminhos andei.
O primeiro era de nácar,
de rosa pura o segundo.

O terceiro era de nuvem,
no terceiro te encontrei.
O primeiro já trazia
teu nome brilhando no ar.

Não era nome de terra:
cantava coisas do mar.
Logo senti que o segundo
já era estrada de encantar.

Mas o terceiro, o terceiro
quantas voltas não foi dar!
Deixou meu corpo na terra,
meu coração no alto-mar.

Virou vento, virou bruma,
perdeu-se, rápido, no ar.

Emilio Moura

The Wayseer Manifesto - Visionários do caminho -

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

À Hora Em Que Os Cisnes Cantam


Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus olhos de sono...
Benevolência. Inconsequência. Inexistência.

Paz dos que não têm fé, nem carinho, nem dono...
Todo o perdão divino e a divina clemência!
Oiro que cai dos céus pelos frios do outono...
Esmola que faz bem... — nem gestos, nem violência...

Nem palavras. Nem choro. A mudez. Pensativas
abstrações. Vão temor de saber. Lento, lento
volver de olhos, em torno, augurais e espectrais...

Todas as negações. Todas as negativas.
Ódio? Amor? Ele? Tu? Sim? Não? Riso? Lamento?
— Nenhum mais. Ninguém mais. Nada mais. Nunca mais...


Cecília Meireles

domingo, 16 de outubro de 2011

Strauss