VISITANTES
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Secreta Viagem
No barco sem ninguém, anônimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Melhor desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos.
Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!
Davidv Mourão Ferreira
Amor...Amor
Quando o mar tem mais segredo
não é quando ele se agita
nem é quando é tempestade
nem é quando é ventania
quando o mar tem mais segredo
é quando é calmaria.
Quando o amor tem mais perigo
não é quando ele se arrisca
nem é quando ele se ausenta
nem quando eu me desespero
quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero.
.Cacaso
Não Escrevo
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Menina dos Olhos Verdes
Ó! menina dos olhos verdes, que à tardinha
estás sempre à janela à hora de minha volta…
Que cousas pensarás? Que fazes aí sozinha?
Por que regiões de sonho a tua alma se solta?
Sempre que dobro a esquina encontro o teu olhar
e o teu claro sorriso adolescente ainda…
Habituei-me a te ver – e és tão criança e tão linda
que sem querer, também sorrio ao te encontrar…
Menina dos olhos verdes… A quem esperas
com teus olhos gritando a cor das primaveras?
Queres versos? Pois bem, estes são teus, recolhe-os!
Escrevi-os pensando em ti, tímida e bela,
- a menina dos olhos verdes da janela
debruçada à janela verde dos meus olhos!
J. G. de Araujo Jorge
A Vida e os Sonhos...
Se...
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
A Minha Dor
A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias...
A minha Dor é um convento.Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve...ninguém vê...ninguém...
Florbela Espanca
Como Eu Te Amo
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Escultura Cinética
Esta arte tem como autor Joe Gilbertson e foi usada pela BMW no fim de 2009 como teaser de um sedam que seria lançado semanas depois.Este tipo de arte tem o nome de Escultura Cinética (Kinect Sculpture), no caso da escultura utilizada pela BMW várias bolinhas foram presas a fios bem finos, estes passaveam por motores no teto e no chão, conforme fosse "dando corda", as bolas subiam e desciam proporcionando o maravilhoso efeito que você terá a oportunidade de ver no vídeo.
Cumplicidade
Estes Pequenos Pensamentos...
Estes pequenos pensamentos são pequenas orações
de fidelidade ao teu corpo. Quem dera
que escutasses, destas horas, o cantar do sul,
as persianas do vento debaixo das estrelas,
os meus passos lá fora sobre a relva, junto
a uma imensa rosa de água azul.
Está tão quieto o ar. Tão sem ar o ar,
que o amor sufoca. A cama tem apenas
o aroma dos pinheiros por lençol. Sobre a pele dos mares,
a curva dos teus lábios, nenhuma brisa sopra.
No umbral da porta a manhã aguarda o teu sorriso,
esse jeito de acordar os pássaros do sol.
No pequeno jardim, entre as rápidas chamas da sardinheira
e o fresco ardor da madressilva,
as abelhas procuraram já o teu perfume.
Joaquim Pessoa
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
O Meu Coração
Amo!
Amo a terra ! Amo o sol ! Amo o céu ! Amo o mar !
Amo a vida ! Amo a luz ! Amo as árvores ! Amo
a poesia que escrevo e entusiasta declamo
aos que sentem como eu a alegria de amar !
Amo a noite ! Amo a antiga palidez do luar !
A flor presa aos cabelos soltos de algum ramo !
Uma folha que cai ! Um perfume no ar
onde um desejo extinto sem querer inflamo !
Amo os rios ! E a estranha solidão em festa,
dessa alma que possuo multiforme e inquieta
como a alma multiforme e inquieta da floresta !
Amo a cor que há nos sons ! Amo os sons que há na cor !
E em mim mesmo - amo a glória de sentir-me um Poeta
e amar imensamente o meu imenso amor !.
(Soneto de JG de Araujo Jorge - coletânea -
"Meus Sonetos de Amor " 1a edição1961 )
Delírios Febris
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