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sábado, 21 de agosto de 2010

O Frasco Azul


O frasco azul, num armário, esquecido
Guarda o perfume de um tempo perdido
Memórias com rosto de quem foi amada

Apenas de vidro e uma tampa dourada

Mas corajoso guarda o seu maior bem
O rastro de um sorriso que tanto gostava
Sonhos e estórias de mais ninguém

E num armário, esquecido
Guarda a dor do meu coração ferido
Na hora em que a saudade nasceu

Apenas de vidro e uma tampa dourada

Encolhido num canto, tão perto de nada
Jazigo azul de um amor que morreu.


Jorge Pereira

Castelos de Areia


— Que iluminura é aquela, fugidia,
Que o poente à beira-mar beija e incendeia?
— É apenas a criação da fantasia: —
São castelos na areia.

Andam, tontas de sol, brincando as crianças
Como abelhas que voaram da colmeia.
Erguem torreões fictícios de esperanças...
São castelos na areia.

Ao canto de um jardim adormecido:
"Por que não crês no afeto que me enleia?
E as palavras que eu disse ao teu ouvido?"
— São castelos na areia.

E o tempo vai tecendo, da desgraça,
Na rota do destino, a eterna teia.
— "E os beijos que trocamos?" — Tudo passa,
São castelos na areia.

Coração! Por que bates com ansiedade?
Que dor é a grande dor que te golpeia?
Ouve as palavras da Fatalidade:
Ventura, Amor, Sonho, Felicidade,
São castelos na areia.


Olegário Mariano

21 Anos Sem Raul Seixas - "O Maluco Beleza" -

Raul Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945 - São Paulo, 21 de agosto de 1989).
Foi um cantor, compositor, produtor e músico brasileiro.


Filho do engenheiro Raul Varella Seixas e da dona de casa Maria Eugênia Santos Seixas, Raul nasceu e cresceu na cidade de Salvador. Tinha um irmão, quatro anos mais novo, Plínio Seixas. Em casa, mergulhava nos livros que tinha à disposição, na biblioteca do pai.Seu gosto musical foi se moldando: primeiro, no rádio, acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens, onde acompanha o pai, ouve os matutos desfiarem repentes - e esta "raiz" nordestina nunca o abandonara. Porém, logo Raulzito (como era chamado em família) conheceu um estilo que influenciou muito sua vida: o Rock'n Roll. Teve contato com o Rock através do consulado norte-americano, que ficava próximo de sua casa. A partir daí, foram muitas horas diárias na loja "Cantinho da Música", ouvindo discos de rock e várias sessões nos cinemas, onde passou a apreciar as performances de Elvis Presley, de quem torna-se fã. Tão fã que assistiu vinte e oito vezes ao filme "O Prisioneiro do Rock" e chegou a fundar o "Elvis Presley Fã-Clube de Salvador".Sempre gostou também de clássicos do rock dos anos 50 e 60.Os biógrafos costumam dizer que Raul Seixas levou o rock às últimas consequências. Nos últimos anos de sua vida, mesmo sofrendo de pancreatite, ele não se afastou do consumo de exagerado de drogas e álcool. A doença levou à morte o Maluco Beleza aos 44 anos, no dia 21 de agosto de 1989.
Para eles, a decadência perante o público, os problemas com empresários e gravadoras são problemas menores diante da sua relevância artística. Passados 21 anos, seus principais hits são conhecidos do grande público.
O interesse pela obra de Raulzito reacende em novas gerações de fãs, que fazem questão de soltar a voz com o grito “Toca Raul”. Ainda hoje é possível ouvir o jargão em bares, pistas de dança e shows de rock.




sexta-feira, 20 de agosto de 2010

HOPING FOUNDATION BENEFIC PERFORMANCE

Hoping Foundation benefit performance from Hoping Foundation on Vimeo.

Passos Furtivos Na Escada


Passos furtivos na escada
Da minha imaginação.
Sabendo-os frutos de nada
São reais como os que são.
Basta que os oiça e provocam
A minha insónia de assalto.
Se fujo, seguem-me, voam
Se grito, gritam mais alto.
Por favor, bom senso Não!
É a resposta que eu não posso.
De que me serve a razão
Se não existe o que eu ouço?


Reinaldo Ferreira

Da Margem Esquerda Da Vida


Da margem esquerda da vida
Parte uma ponte que vai
Só até meio, perdida
Num halo vago, que atrai.
É pouco tudo o que eu vejo,
Mas basta, por ser metade,
Pra que eu me afogue em desejo
Aquém do mar da vontade.
Da outra margem, direita,
A ponte parte também.
Quem sabe se alguém ma espreita?
Não a atravessa ninguém.


Reinaldo Ferreira

GARBAGE - I'm Only Happy When It Rains -

ROY BUCHANAN - The Messiah Will Come Again -

ALBERT COLLINS

TOMAS KINKADE

Tomas kinkade – O pintor da Luz e da Paz
Thomas Kinkade nasceu em Sacramento, Califórnia, a 19 de Janeiro de 1958, tendo crescido na cidade de Placerville (California).



Vindo de uma família modesta, Kinkade procura obter a sua inspiração na fé cristã, transmitindo nas suas pinturas valores morais e religiosos.



É chamado por vezes o “pintor da luz” devido ao facto da maior parte do seu trabalho se centrar sobre a luz, embora segundo ele este epíteto inclui também uma dimensão moral.



Uma casa de campo, um chalé de madeira, uma capela no nascer do sol… cada cenário cria um sentimento de paz e serenidade.



Os seus quadros têm cores vibrantes, muita luz e brilho intenso, retratam imagens bucólicas de jardins, rios, casas de campo, ou florestas.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A CONCHA


Talvez te seja inútil minha vida,
Noite; fora do golfo universal,
Como concha sem peróla, perdida,
Me arremessaste no teu areal.

Moves as ondas, como indiferente,
E cantas sem cessar tua melodia.
Mas hás de amar um dia, finalmente,
A mentira da concha sem valia.

Jazer só a seu lado pela areia
E pouco faltar para que a escondas
Nessa casula onde ela se encandeia
à sonora campânula das ondas,

E as paredes da frágil concha, pouco
a pouco, se encherão do eco da espuma,
Tal como a casa de um coração oco,
Cheio de vento, de chuva e de bruma...


Ossip Mandelshtam

SCORPIONS -Send Me An Angel -

SYD BARRETT & BOB DYLAN

EROS RAMAZZOTTI & TINA TURNER - Coisas De La Vida -

Hoje...


Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.


Eugénio de Andrade

A Poesia...


“ A poesia não está somente nos versos,
por vezes ela está no coração, e é tamanha,
a ponto de não caber nas palavras.”


Jorge Amado

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

LED ZEPPELIN


DA VIDA


Jamais imaginei o que seria meu destino,
guardou em suas mãos segredos...
A vida estava visível como algo cristalino,
eu nada vi, devido aos meus medos.

Vendaval forte passou, cruel desatino,
já não falo, apenas murmuro,
dentro do meu peito lágrimas eu confino,
minha voz já não sai, alma vive no escuro.

Vida, fez dela tristeza, um brinquedo,
meu céu sem estrelas e sem luz, tormento,
nada quero, tento manter meu segredo.

Da vida só espero a morte,
pela tela do sonho, dor e sofrimento
arrasto-me perdida a mercê da sorte.


Marta Peres

AMANHECEU


Ouve-se o riso das flores
Borboletas bailam no jardim
O orvalho tem cor doce
O céu sorri para mim

Cai chuva no solo fértil
Exalando delicados perfumes
Sente-se suave euforia
Amanhece! Claro é o dia!


Arnalda Rabelo

Hoje...


Hoje não trago poesia
Trago apenas uma bandeja
enfeitada com morangos e cerejas

Nas mãos um ramo de acácias
Nos lábios singelo sorriso
junto a um raio de sol
e sem nenhuma pretensão
aquecer teu coração.


Arnalda Rabelo

Amor Eterno...


"O amor eterno é o amor impossível.
Os amores possíveis começam a morrer
no dia em que se concretizam."


Eça de Queiroz

É Tempo De Agarrar O Tempo


É tempo
que o mundo cinzento
se transforme num jardim de amor
que o céu de um Azul claro
raiado pelo Sol
suprima a minha dor...
É tempo
que esta máscara
corroída pelo tempo
volte a sorrir
num sorriso constante
para que te possa amar
e possuir...
É tempo
de não deixar passar o tempo
semear o teu jardim
germinar uma flor
suspirar no teu perfume
Abraçar o teu amor...

Manuel Marques

terça-feira, 17 de agosto de 2010

FLORES HUMANAS

A imaginação do Homem, não tem limites.
... desconheço o autor destas foto-montagens, mas tal não me impede de o reconhecer como grande artista no mundo do design.Não há quem não goste de flores. E há mesmo pessoas que tornam-se flores, para nós, em suas atitudes no dia a dia… Talvez por isso, a criatividade faça-nos dar asas à imaginação!Eis algumas imagens onde podemos apreciar o efeito final…







23 Anos Sem Carlos Drummond De Andrade


Nascido e criado na cidade mineira de Itabira, Carlos Drummond de Andrade levaria por toda a sua vida, como um de seus mais recorrentes temas, a saudade da infância. Precisou deixar para trás sua cidade natal ao partir para estudar em Friburgo e Belo Horizonte.Formou-se em Farmácia, atendendo a insistência da família em graduar-se. Trabalha em Belo Horizonte como redator em jornais locais até mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1934, para atuar como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então nomeado novo Ministro da Educação e Saúde Pública.Em 1930, seu livro "Alguma Poesia" foi o marco da segunda fase do Modernismo brasileiro. O autor demonstrava grande amadurecimento e reafirmava sua distância dos tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que já começava a ser aceita pelos leitores.
Drummond também falava sobre temas como o desajustamento do indivíduo, ou as preocupações sócio-políticas da época, como em “A Rosa do Povo” (1945). Apesar de serem temas fortes, ele conseguia encontrar leveza para manter sua escrita com humor e uma sóbria ironia.Produzindo até o fim da vida, Carlos Drummond de Andrade deixou uma vasta obra. Quando faleceu,17 em agosto de 1987, já havia destacado seu nome na literatura mundial. Com seus mais de 80 anos, considerava-se um "sobrevivente", como destaca no poema "Declaração de juízo".


ENFEITE-SE



Enfeite-se com margaridas e ternuras
E escove a alma com flores
Com leves fricções de esperança
De alma escovada e coração acelerado
Saia do quintal de si mesmo
E descubra o próprio jardim.


SEU SANTO NOME


Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda razão (e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.


FÁCIL É DAR UM BEIJO...


Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma,
sinceramente, por inteiro.


ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU



Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.


Carlos Drummond de Andrade

QUENTES E BOAS - "Quentinhas" -

Foto de Eduardo Gageiro

Na Praça da Figueira,ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.

Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.

Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.

Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.

A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.

Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.


Ary dos Santos

UM BREVE OLHAR


Lá em cima, no ar
Sobre a monotonia de estas casas
Sulcando, sereníssimas, os céus,
Abrem a larga rima das suas asas,
Lenços brancos do azul, dizendo adeus
Ao vento e ao mar.
.
Eu fico a vê-las
E meus olhos, de as verem, vão partindo
E fugindo com elas;
E a segui-las eu penso,
Enquanto o olhar no azul se espraia e prega,
Que há uma graça, que há um sonho imenso
Em tudo o que flutua e que navega…
.
Para onde se desterram as gaivotas,
Contra o vento vogando, altas e belas,
Essas voantes e pairantes frotas,
Essas vivas e alvas caravelas?
.
Vão para longe… E lá desaparecem,
Ao largo, por detrás do monte;
E os nossos olhos olham e entristecem
Com as vagas saudades que merecem
As coisas que se somem no horizonte!
.

Afonso Lopes Vieira

SARAH VAUGHAN - Tea For Two -

SANTANA - Going Home -

COUNTRY JOE & THE FISH - Who Am I -

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

SAÚL DIAS


Júlio Maria dos Reis Pereira nasceu em Vila do Conde a 01 de Novembro de 1902 onde faleceu em 1983. Já adolescente mostrava uma clara apetência pela cultura, publicando poemas num Semanário da sua terra. Em 1919 matricula-se em Engenharia na Faculdade de Ciências do Porto (concluído em 1928). Entretanto, matricula-se também na Escola de Belas-Artes dessa cidade, já que a sua paixão eram as belas-artes.No decurso da década de 20 colabora no grafismo de obras de seu irmão, José Régio, desenha para obras deste e para a “Presença”. Em 1935 realiza na Sociedade Nacional de Belas-Artes a primeira exposição individual. No ano de 1932 publica, sob o pseudônimo de Saúl Dias, um livro de poesia intitulado “... mais e mais...”.
Em 1936 vai trabalhar para a Direção dos Edifícios e Monumentos Nacionais de Coimbra. No entanto, logo em 1937, vai para a Direção sita em Évora, cidade onde vive e trabalha até 1972, ano em que regressa a Vila do Conde.No ano de 1936 participa na Exposição dos Artistas Modernos Independentes (com o pseudônimo "Júlio"), figurando ao lado de artistas plásticos como Almada Negreiros e Vieira da Silva.


SÓ PORQUE ME SORRISTE


Só porque me sorriste
nessa tarde
o sol inundou a cidade.

E no meio do asfalto,
entre o rumor dos táxis,
surgiram de repente
árvores agrestes cheias de flores e pássaros.


MENINO


A folha da árvore
que rola.
A névoa fria
que se evola.

O veio de água
fino e verde.
A cantilena
que se perde.

O cão vadio
que nos olha
e nos entende...

A isto o menino,
sério, atende
ao ir p'r'a escola.


TARDES NO MEU JARDIM


tão lúcidas, quietas,
quase inquietas,
com pequeninos sóis
em cada pétala molhada,
com sombras fugidias...
(Tal os dias
sumindo-se um a um...)

E as canções
que não foram cantadas?
E as rosas decepadas
pelo simum?
E os riscos na parede?
E a sede
numa taça vazia?

E a noite que começa
fria, fria...!


Saúl Dias

33 ANOS SEM ELVIS



Em 16 de agosto de 1977, o mundo perdia Elvis Presley. Ele é o maior vendedor de discos e cd's de todos os tempos, estima-se que já tenha alcançado a marca de 2 bilhões de discos (mídia vinil e cd juntos). Já reparou que ele sempre está em evidência?





Are You Lonesome Tonight?



Você Está Solitária Esta Noite?"

Você está solitária esta noite?
Você teve saudades de mim esta noite?
Você está arrependida de ter-mos nos separado?
Suas memórias se perdem em dias felizes e ensolarados
quando eu te beijava e te chamava de querida?
As cadeiras em sua sala de estar parecem vazias e
gastas?
Você olha os degraus de sua porta e me imagina lá?
Seu coração está cheio de dor?
Devo eu voltar outra vez?
Diga-me querida, você está solitária esta noite?

Eu imagino se você está solitária hoje a noite.
Você sabe, alguém disse que "o mundo é um palco e cada
um de nós deve fazer sua parte"
O destino me pegou apostando no amor com você como minha amada.
O primeiro ato foi quando nos conhecemos, eu te amei à primeira vista.

Você lia suas falas tão habilmente e nunca perdeu uma deixa e então veio o ato dois.
Você pareceu mudar; agiu estranhamente, e por quê? Eu nunca saberei.
Amor, você mentia quando dizia que me amava, e eu não tinha porque duvidar.
No entanto eu preferiria continuar ouvindo suas mentiras à viver sem você.
Agora o palco está vazio e estou parado aqui com a solidão ao meu redor
E se você não voltar para mim, então, faça-os abaixar as cortinas.

Seu coração está cheio de dor? Devo eu voltar outra vez?
Diga-me querida, você está solitária esta noite? ...




FOCUS




domingo, 15 de agosto de 2010

FLOR DO DESERTO

Andei assistindo...
FLOR DO DESERTO
Elenco: Liya Kebede, Sally Hawkins, Craig Parkinson, Meera Syal.
Gênero: Drama


Sinopse:

Baseado no Best Seller "Desert Flower", é a autobiografia da modelo somali Waris Dirie (Liya Kebede), circuncidada aos cinco anos e vendida para um casamento arranjado aos treze anos. A garota fugiu, atravessando o deserto por dias até chegar a Mogadishu, capital da Somália, onde passou o resto da adolescência sem ser alfabetizada. Ao chegar em Londres, depois de passar por grandes dificuldades mais uma vez, foi descoberta pelo fotógrafo Terry Donaldson ao vê-la trabalhando na limpeza em um Restaurante Fast Food. Donaldson a levou para os Estados Unidos, onde se tornou uma modelo mundialmente conhecida, além de ser embaixadora da ONU no Combate à Mutilação Genital Feminina.

Um filme aterrador. Emocionante. Angustioso. Cheio de vida e esperança!

A história de vida da modelo Waris Dirie é uma soma de realidade + sonho + humor, transformando-a num exemplo de determinação à vida.Pego-me, sempre, lembrando de tudo aquilo que vi. E olhe que, com tanta bagagem de história, dor e emoção, achei ainda que o filme poderia ser mais denso. Um drama mais pesado. Mais forte. Mais seco. Mais duro. Por outro lado, acredito que o Diretor tenha tentado atenuar o peso da realidade de Waris, visto que abrange um tema polêmico, inaceitável e dolorido: a circuncisão feminina.É impossível acreditar que uma mulher assistindo à este filme, "não se importe". É inimaginável que uma mulher absorvendo toda esta história, não se comova ao ponto de pensar: "...isso tem muito à ver comigo". Assisti. Assistirei sempre que possível. Me deu uma compreensão maior ao drama vivido por mulheres como a Waris. E quanto à ela, será sempre uma motivação de vida para mim. Esteja nas passarelas ou como embaixadora da ONU. Que outras vozes femininas se levantem. Que outras mulheres não se submetam mais!





Caio Fernando Abreu


Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras - e por tudo isso, ando cada vez mais só.
Subi correndo no primeiro bonde, sem esperar que parasse, sem saber para onde ia.
Meu caminho, pensei confuso, meu caminho não cabe nos trilhos de um bonde.


Caio Fernando Abreu