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quinta-feira, 22 de abril de 2010

MARQUESA DE ALORNA



Marquesa de Alorna, a 4ª desse título, nome de baptismo de Leonor de Almeida Lorena e Lencastre. Escritora, nasceu em Lisboa durante o reinado do rei D. José. Neta dos marqueses de Távora, e filha de D. João de Almeida Portugal, 2º marquês de Alorna e 4º conde de Assumar e de Dª Maria de Lorena, filha dos marqueses de Távora, suspeitos do atentado ao rei. Dos presumíveis implicados uns foram executados e Leonor, com a mãe e irmã encarceradas no convento de S. Félix em Chelas. Foi aqui que, desde pequena, a futura marquesa começou a ler e a instruir-se não desprezando a leitura de Bossuet, Fénelon, Boileau, Corneille e Racine, bem como Voltaire, d'Alembert, Diderot e o inglês Locke. Começou cedo a escrever poesia. Teve como mestre de latim Filinto Elísio (padre Francisco Manuel do Nascimento) e aprendeu Filosofia e Ciências Naturais. Tomou, como era uso no tempo, o nome literário de Alcipe. Leonor de Almeida Portugal saiu da prisão quando subiu ao trono D. Maria I. Tinha então vinte anos. Casou, em 1779 com o conde de Oeynhausen e em 1780 foram viver para a Viena de Áustria. Enviuvou, com 43 anos, em 1793 e ficou com seis filhos pequenos para cuidar. Regressou a Portugal e foi perseguida por Pina Manique, dadas as suas ideias liberais. Exilou-se em Londres entre 1804 e 1814. Foi escrevendo poemas que acompanhavam as angustiosas mudanças políticas no país, desde as invasões francesas à partida da família real para o Brasil. Esteve contra Napoleão o que não aconteceu com muitos fidalgos portugueses, incluindo a filha que foi amante de Junot. Herdou o título de marquesa, pela morte do irmão. D. Leonor de Almeida deixou seis volumes de "Obras Poéticas" com temas diversos, sendo de referir a importância das cartas particulares. Foi também tradutora de Lamartine, Pope, Ossian, Goldsmith, Young, entre outros. Alexandre Herculano fez-lhe o elogio fúnebre, considerando-a a "madame de Staël portuguesa." (1750-1839)

SONETO




Como está sereno o céu,
como sobe mansamente
a Lua resplandecente
e esclarece este jardim!

Os ventos adormeceram;
das frescas águas do rio
interrompe o murmúrio
de longe o som de um clarim.

Acordam minhas ideias,
que abrangem a Natureza;
e esta nocturna beleza
vem meu estro incendiar.

Mas, se à lira lanço a mão,
apagadas esperanças
me apontam cruéis lembranças,
e choro em vez de cantar.


O PIRILAMPO E O SAPO



Lustroso um astro volante
Rompera as humildes relvas:
Com seu vôo rutilante
Alegrava à noite as selvas.
Mas de vizinho terreno
Saiu de uma cova um sapo,
E despediu-lhe um sopapo
Que o ensopou em veneno.
Ao morrer exclama o triste:
- Que tens tu de que me acuses?
Que crime em meu seio existe?
Respondeu-lhe: – Porque luzes?


CANTIGA




Sozinha no bosque
Com meus pensamentos,
Calei as saudades,
Fiz trégua a tormentos.

Olhei para a lua
Que as sombras rasgava,
Nas trémulas águas
Seus raios soltava.

Naquela torrente
Que vai despedida
Encontro assustada
A imagem da vida.

Do peito em que as dores
Já iam cessar,
Revoa a tristeza
E torno a penar.


Marquesa de Alorna

AMOR SILENCIOSO


Existem acontecimentos,
que a ninguém proclamo,
em nenhum momento.
Jamais conto que eu te amo,
de um modo muito diferente,
total e paciente.
e que, de nada reclamo.
Também nunca digo
que alguma vez tenha ficado,
assim como estou contigo,
totalmente apaixonado.
E que venho me mantendo,
sempre querendo
tua permanência a meu lado.
Que fico aguardando,
dizeres as palavras certas,
do jeito que acabas falando,
nas horas mais incertas.
do um modo gentil e carinhoso,
quando com teus braços amorosos,
deliciosamente me apertas.
Agora, finalmente,
eu preciso também dizer,
que quando estou contigo,
faço tudo como sempre quis fazer.
e pretendo a teu lado ficar.
Não posso sequer imaginar,
algo diferente disso, ocorrer.


Marco Orsi

DIA 22 DE ABRIL - Descobrimento do Brasil -

BRASIL



Perguntei ao céu tão lindo,
— Por que é todo cor de anil?
Ele me disse, sorrindo:
— Eu sou o céu do Brasil!




Perguntei ao Sol, então,
A causa de tanta luz.
— Sou a glorificação
Da Terra de Santa Cruz!

Depois perguntei à Lua:
— Por que noites de luar?
— É para enfeitar a tua
Grande Pátria à beira-mar.




Perguntei às claras fontes:
— Por que correis sem cessar?
— Nós brotamos destes montes
Para a terra fecundar!

Então eu disse à floresta:
— És tão bela, verde inteira!
Ela respondeu em festa:
— Sou a mata brasileira!




Perguntei depois às aves:
— Por que estais a cantar?
— Cantamos canções suaves
Para tua Pátria saudar.

Céu e sol, luar e cantos,
Florestas e fontes mil
Enchem de eternos encantos
És minha Pátria, — o Brasil!

Renato Sêneca Fleury

GENE CLARK & CARLA OLSON - Gypsy Rider -

FREDERICO GARCIA LORCA - Poetas Andaluces -

JEFF BRIDGES - The weary Kind -

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ACRÓSTICO - Brasília -


Berço és da moderna arquitetura,
Representante da plebe e da nobreza,
Acintosa repressora da ditadura,
Símbolo da modernidade e beleza...
Ícone és da Arte e da Cultura
Levada ao povo com grande destreza.
Inspiras, também, a literatura,
Ainda que não seja da tua grandeza.


(Joésio Menezes)

BRASÍLIA, CAPITAL DA ESPERANÇA


Na Brasília de Tetê Catalão,
José Geraldo e Nicolas Behr,
A poesia - clássica ou não -
Por meio dos versos diz o que quer.
Ela bem canta os encantos mil
Da charmosa Capital do Brasil
Sem se esquecer de exaltar a mulher.

Ela fala das ruas sem esquina,
Dos arcos que formam a Catedral,
Do Céu azul que tanto nos fascina,
Da cultura em nossa Capital...
E sem desafinar ela canta árias
Às extensas Asas imaginárias
Que cruzam o Eixo Monumental.

Também enaltece a Natureza;
Saudades sente da flor do cerrado.
Em quase tudo ela vê beleza,
Inclusive no concreto armado
Que viadutos e pontes sustenta
Desde os idos dos anos sessenta,
Quando o “Sonho” vimos concretizado...

Mesmo estando Brasília submersa
Num oceano de desconfiança,
A poesia jamais desconversa,
Canta versos de autoconfiança...
Ela canta muitas coisas malditas,
Corrupção, falcatruas infinitas,
Mas o faz esbanjando esperança.


(Joésio Menezes)

LISA EKDAHL - Cry Me A River -

SHAKESPEARES SONETTE

OS TEUS PÉS



Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,

Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
A duplicada púrpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram vôo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.


Pablo Neruda

JEFF GILLETTE






I LIVE MY LIFE FOR YOU

CARTOON - Tiradentes -

O RUMO


Dos que perderam
um dia
apenas
da vida.

Dos que perderam
o rumo,
o prumo
e a linha.

É algo como
o que não existiu,
a paz que se perdeu
e o amor que se extinguiu.

Para os que perderam algo
recomendo
respirar fundo

Sentir o cheiro do mundo
e abrir o corpo
que anda escondendo.


Aos que perderam,
saibam:
Não perderam sozinhos

Substantivos e adjetivos
nunca são caminhos
para o que se busca.

É luta inglória
contra si mesmo.

É nudez
ainda mais pura.


Jean Paulo Sartre

MASON JENNINGS - Fighter Girl -

SONIC YOUTH - Reena -

terça-feira, 20 de abril de 2010

KURT COBAIN - Tribute -

CRAZY HEART - Ryan Bingham Performs Weary Kind -

EUCLIDES CAVACO


Euclides Cavaco, nasceu em Seixo de Mira, distrito de Coimbra onde concluiu a instrução primária. Devido a carências económicas não lhe foi possível ingressar de imediato nos estudos secundários como tanto desejava. A sua vontade persistente de estudar era manifesta, por isso ainda muito jovem decidiu ir para Lisboa a fim de arranjar um emprego e conciliar este seu grande sonho de estudar. Assim trabalhando de dia e estudando à noite , concluiu em Lisboa o curso geral dos liceus e frequentou posteriormente os estudos superiores. Vocacionado para a poesia desde tenra idade, os seus primeiros ditos e escritos perderam-se no tempo. É durante os seus anos académicos que a começa a escrever com mais veemência e dela tem feito uma constante da vida. Incondicionalmente apaixonado pelo FADO, foi talvez no FADO que encontrou a sua inspiração maior. Por ele nutre uma transparente admiração consagrando-lhe grande parte da sua obra. Escreve-o para fadistas , declama-o com grande estro poético e essencialmente dá-o a conhecer ao mundo. Em 1970 num impulso de aventura optou por se radicar no Canadá onde reside e, concluiu o curso em Gestão Administrativa , tendo alcançado com êxito o estatuto de empresário. Foi talvez a ausência da Pátria que o viu nascer que acordou no Euclides o verdadeiro significado da palavra saudade.Desde a sua chegada ao Canadá participou em diversas associações comunitárias e organizou muitíssimos espectáculos. Em 1974 com um grupo de amigos funda o programa de televisão Saudades de Portugal, de cujo foi apresentador. Em 1976 , devido ao seu envolvimento com a Sociedade Portuguesa, é nomeado Comissário pelo Governo do Ontário. Em 1980 liga-se à criação da RÁDIO VOZ DA AMIZADE, de que é director e locutor na qual se empenha fervorosamente à divulgação da Língua e cultura portuguesa há mais de 27 anos.

A VOZ DO SILÊNCIO

Silêncio triste
Das horas introversas e caladas,
Marcadas no relógio de emoções.
Tua voz
São memórias magoadas,
Plenas de melancolia
E frívolas recordações !…

Silêncio errante
Simbiose de sofrimento e de tortura,
Das noites infinitas e infelizes.
Tua estranha voz
É a imagem cruel e escura,
De estigmas incuráveis
E eternas cicatrizes.

Silêncio constrangente
Que mistério
Há no teu vazio desmedido
Abstracto de sentido
E copioso de fragilidade.
Tua ousada voz
É o iludir fingido
De essências
Sequiosas de realidade,

Silêncio taciturno
Perdido no tempo
Dos dias em vão vividos
Que magoas
Sem remorso ou compaixão.
Silêncio penoso
De tantos momentos idos.
Tua voz,
É apenas
Um amargo soluçar de solidão!…


OLHOS DO AMOR



Em cada dia que passa
Ficas mais cheia de graça
Com teu distinto fulgor
Na minha vida presente
Vejo-te sempre atraente
Aos meus olhos do amor !...

E o tempo qual quimera
Mavioso te fizera
Mais sábia e mais senhora
Mostrando sempre indulgência
Muito agrado e deferência
Da mesma forma que outrora.

Caminhei sempre a teu lado
No rumo por nós sonhado
E por nós dois escolhido...
Sem ter de voltar atrás
Sou feliz porque me apraz
O caminho percorrido !...

Os anos foram passando
Eu por ti fui conservando
Este amor feito paixão
Que mantém sempre virtude
Com a mesma juventude
Aos olhos do coração !...


IRONIA DO TEMPO
Que ironia tem o tempo misterioso
Que diz que passa velozmente sempre andando,
Mas afinal esse tempo é mentiroso,
Porque ele fica e a gente é que vai passando!...

Dizem que é velho, mas o tempo é sempre novo.
Não tem idade, pois ninguém o viu nascer,
Tal como o enigma da galinha e do ovo,
Não sabe ao certo se existia antes de o ser!...

Comanda tudo sem ter dó nem piedade
E eu perplexo fico olhando sem o ver
Imutável e, sempre em celeridade.

Rendo-me enfim, pois não sei compreender,
Apenas sinto com toda a fragilidade,
Que o tempo é rei ... e de rei tem o poder!...


Euclides Cavaco

PEDRA DO CÃO SENTADO


O Parque Cão Sentado é uma Unidade de Conservação privatizada e tem como principal objetivo à preservação dos ecossistemas presentes nesta pequena área da “Mata Atlântica”, proporcionando aos seus visitantes, atividades de lazer e esportes.Trilha média, com lindas grutas, cavernas e lago, onde funciona o pesque-pague e o pesque-devolva.Vale a pena conferir a paisagem do mirante, onde se pode apreciar a Pedra do Cão Sentado.
Muito se fala a respeito da Pedra do Cão Sentado, por sua exuberância e curiosidade quanto à sua formação geológica, mas pouco se ouve sobre a sua floresta, tão importante para o equilíbrio do meio ambiente.
Na Mata do Parque Cão Sentado convivem lado a lado desde árvores grandiosas, algumas rodeadas com cipós gigantes, como o jequitibá, pau-brasil, figueiras, guapuruvas, cambuás, ingás, cabriúva, ipês, a pindobinha, e outras, como a embaúba, o murici, o baguaçu, o jacatirão, a faveira, guabirobas, bacuparis, a palmeira juçara, da qual é extraído o palmito, espécies de médio porte como a samambaiaçu entre outras palmeiras diversas.
Sobre os troncos destas árvores apóiam-se diferentes lianas (cipós), begoniáceas, aráceas, pteridophytas (samambaias), dezenas de orquídeas (Dendrobiuns, Oncidiuns, Laelias, etc), bromeliáceas, cactáceas, que formam a vegetação de epífitas, perfeitamente adaptadas à vida longe do solo. Nada retiram das árvores apenas buscam uma maior luminosidade e ainda retribuem o abrigo atraindo animais polinizadores, como o beija-flor , as borboletas e os morcegos. A floresta do Cão Sentado tem uma peculiaridade que a diferencia de outras matas e que enriquece a sua biodiversidade...O conjunto de grutas e cavernas formadas entre gigantescos blocos de rocha cobertos por vegetações rupículas, plantas que vivem nas pedras. Toda essa biodiversidade do Parque Cão Sentado faz com que esta floresta seja muito especial...Esse parque fica em Nova Friburgo - RJ – Brasil.

PENSAMENTO


Eu queria ter nascido,
numa casa perto da sua.
E ser aquela menina que
brincava com você na rua...
Assim eu não correria o risco,
de chegar atrasada na sua vida.


Valquíria Cordeiro

O FLAMBOYANT


Era uma ruazinha simples
Sem nenhum encanto
Não havia pássaros, nem canto
Ao final daquela rua
avistava-se uma árvore frondosa,nobre
repleta de flores alaranjadas bailando no ar
Desatavam-se as folhas em um vôo livre rumo aos céus
O vento sorria extasiado com rara beleza
Ao chão, um tapete colorido e perfumado

Aproximei-me mais
Deixei-me fascinar
Gotas poéticas inundaram meus olhos
A rua enchera de poesia
de cores e fantasias

Ah! O flamboyant!


Arnalda Rabelo

MARIA MENA - If You'll Stay In My Past -

NIRVANA - The Man Who Sold The World -

segunda-feira, 19 de abril de 2010

CARTOON

CURUMINS


Minhas crianças são os curumins da Amazônia, que brincam nas águas barrentas e geladas dos igarapés. Seus cantos se entrelaçam nos altos arvoredos de uma região devastada, onde o sangue dos seus defensores corre pela terra.
Conhecem o verde da morada dos deuses e seus caminhos são feitos pelos rios onde as grandes chuvas clareiam com a luz dos céus, cortando o silencio da mata.
Ignoradas em sua identidade, nunca perderam a consciência da igualdade entre seus povos e aprendem sorrindo, o que a Mãe Natureza ensina que é interagir, através dos sons dos pássaros, do vento, e dos rios.

Essa é a minha homenagem ao Dia do Índio


Conceição Bentes
19/04/09

ROBERT PATTINSON - Let Me Sing -

ÍNDIO! AINDA EXISTES?




Índio, o que te faz brindar
nas festas, se tuas armas
não existem mais?

Arrancaram de ti
a natureza, o poder da cura,
tua música e danças
que aos deuses louvavas

Teu mistério sumiu
na inocência retirada
do rosto não mais pintado,
onde a fé foi amordaçada
pela falta de amor

Destruíram teu verde lar
com as labaredas do progresso,
dando lugar a fome e a sede
no choro dos rios agonizantes
cujas ofertas aos céus
nem as chuvas abençoam mais

Será que ainda existes?

MINHA HOMENAGEM AO DIA DO INDIO
COMO TETRANETA DE INDIA QUE SOU


Conceição Bentes
19/04/10

SIMPLE MINDS - Don't You Forget About -

EU JÁ ESTAVA LÁ


Depois tu vieste molhada na utopia do regresso.
E ficámos os dois,
sozinhos na pradaria
com metros e toupeiras a escavar-nos a imaginação marginal.
Tricotámos girassóis e sorrisos em acrílicos Van Gogh,
cortamos a orelha esquerda à espera,
e moldámos a felicidade segundo o cálculo infinitesimal da cama.
Houve vernissages de panos turcos e
instalações automáticas nas galerias dos desejos.
Houve beberetes e bebedeiras,
prados coelho e antónios vieira.

Agora estamos os dois
sozinhos,


Golgona anghel

domingo, 18 de abril de 2010

LACRADO CORAÇÃO


Sem ar chego perder
os sentidos, ergueram-se
muros de pedra à minha volta.
Daqui, só posso olhar o céu.

Muros imensos, chegam
às alturas, quem o faria?
Ando em volta tentando
entender, não vi ninguém.

Paredes grossas levantadas,
não consigo ouvir barulho
do outro lado a não ser
martelos batendo pregos.

Deve ser o imenso portão
colocado, mas não tenho
chaves que o abram, lacrado,
assim, como meu coração.


Marta Peres

DOMINGO (de licor e açúcar cândi)


Manhã de sol...A luz passeia a toa...
Explode a primavera em frenesi.
Meu bairro, todo chique, não destoa,
parece um ogro alegre que se ri.

Mignon, gentil, arisco, sobrevoa,
a namorar a rosa, um colibri...
...e perfumes no ar...-Que coisa boa!
O céu está pertinho...É logo ali!

Meu domingo é grande (- Muito grande!)
Cheinho de licor e açúcar cândi.
Estou de bem com toda a humanidade.

Minha amada virá...(telefonou-me)
e ela não quer que lhe revele o nome,
que tem dez letras...(é ?... -FELICIDADE!)


Miguel Russowsky

JACKSON BROWNE 7 BONNIE RAITT - Kisses Sweeter -

NÃO ME DIGAS MAIS NADA


Não me digas mais nada. O resto é a vida.
Sob onde a uva está amadurecida.
Moram meus sonos, que não querem nada.
Que é o mundo? Uma ilusão vista e sentida.

Sob os ramos que falam com o vento,
Inerte, abdico do meu pensamento.
Tenho esta hora e o ócio que está nela.
Levem o mundo: deixem-me o momento!

Se vens, esguia e bela, deitar o vinho
Em meu copo vazio, eu, mesquinho
Ante o que sonho, morto te agradeço
Que não sou para mim mais do que um vizinho.

Quando a jarra que trazes aparece
Sobre meu ombro e a sua curva desce
A deitar vinho, sonho-te, e, sem ver-te,
Por teu braço teu corpo me apetece.

Não digas nada que tu creias. Fala
Como a cigarra canta. Nada iguala
O ser um sonho pequeno entre os rumores
Com que este mundo.

A vida é terra e o vivê-la é lodo.
Tudo é maneira, diferença ou modo.
Em tudo quando faças sê só tu,
Em tudo quanto faças sê tu todo.


Fernando Pessoa

JOHN PRINE - Angel From Montgomery -

BONNIE RAIT & NORA JONES - Tennessee Waltz -