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sábado, 27 de junho de 2009

ROSA SECA


"ROSA SECA"

Caiu de um livro no meu regaço
uma dessas velhas
relíquias de um sonho de juventude:
uma rosa seca.

E eu perguntei ao livro de onde vinha
aquela flor.
O livro calou-se: não chegou ao meu ouvido
nem palavra nem som.

Então meus olhos descobriram uma página
onde havia uma nódoa.
Há muito tempo, muito tempo alguém tinha chorado.
Oh, quando e onde?

Beijei a rosa murcha, a rosa seca
e a lágrima também.
Há muito tempo alguém tinha amado:
Oh, quem? e a quem?


-SALOMON BLAUMGARTEN-
(1870 – 1927)
in'Poesia de Israel'
Tradução: Cecília Meireles

sexta-feira, 26 de junho de 2009

ROMANTISMO


Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,l
evitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)

Cecília Meireles

One Day In Your Life



One Day In Your Life

Músicas do álbum The Best of Michael Jackson (Anthology Series)

Compositor: M.jackson

Um dia na sua vida
Você vai lembrar de um lugar
De alguém tocando seu rosto
Você vai voltar, vai olhar em volta, você...
Um dia na sua vida
Você vai lembrar do amor que encontrou aqui
Você vai lembrar de mim de alguma forma
Embora você não precise de mim agora
Eu vou ficar no seu coração
E quando as coisas desmoronarem
Você vai lembrar de um dia...
Um dia na sua vida
Quando você descobrir que você sempre esteve esperando
Por um amor que costumávamos dividir
Apenas chame o meu nome, e eu estarei lá
Você vai lembrar de mim de alguma forma
Embora você não precise de mim agora
Eu vou ficar no seu coração
E quando as coisas desmoronarem
Você vai lembrar de um dia...
Um dia na sua vida
Quando você descobrir que sempre esteve sozinha
Apenas chame o meu nome, e eu estarei lá.

BEN - MICHAEL JACKSON

FIO


FIO

No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.
Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.
Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão...
— para que serve o fio trémulo
em que rola o meu coração?

Cecília Meireles

quarta-feira, 24 de junho de 2009

HUMOR

HUMOR

EPÍLOGO


Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um carnaval todo subjetivo:
Um carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior...

Quando o acabei - a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
O meu tinha a morta morta-cor
De senilidade e de amargura...
- O meu carnaval sem nenhuma alegria!

Manuel Bandeira

FORAM...



Foram montanhas? Foram mares?
Foram os números...? - não sei.
Por muitas coisas singulares,
não te encontrei.
E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? Maré brava?
E era por ti!
As mãos que trago, as mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
se vem de mortes ou de festas
meu coração.
Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for.
Tudo que tenho é haver sofrido
pelo meu sonho, alto e perdido,
- e o encantamento arrependido
do meu amor.

(Cecilia Meireles)

BOLHAS DE SABÃO


Bolhas de sabão

Longe estão

Nossos tempos de criança!

Tempo de brincar de pique-esconde,

Queimada ou rodinha

E no fundo do quintal

Fazer comidinha!

São nossas preciosas lembranças...

Brincar de boneca,

Bolinha de gude,

Jogar peteca,

Correr na chuva,

Se esconder embaixo da cama

E pisar em poça d'água!

Longe estão

Esses tempos,

Lindos e esquecidos,

Folhas esmaecidas,

Nas gavetas do tempo,

Carregadas de emoção...

Que vemos hoje

Como através de um véu,

Como se perdem no céu

Nossas bolhas de sabão.

Letícia Thompson

terça-feira, 23 de junho de 2009

UM BUQUÊ DE CARINHO


Quem me Dera que Eu Fosse o Pó da Estrada


Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XVIII"
Heterónimo de Fernando Pessoa